segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Se tudo é impermanente, composto e mutável, o que existe realmente?

As mudanças são contínuas. Dia a dia, uma estação corre para a próxima. O dia vira noite, a noite, dia. Prédios não ficam velhos de repente; na realidade, a cada segundo, desde o momento em que foram construídos, começam a deteriorar.


Nosso meio ambiente, corpo físico, fala e pensamentos modificam-se tão velozmente quanto uma agulha espeta uma pétala de rosa. Se você espetar uma pilha de pétalas de rosa com uma agulha, isso pode lhe parecer um único movimento; na realidade, porém, ele se compõe de muitas etapas distintas. Você penetra cada pétala separadamente, atravessando sua superfície externa, a parte do meio, saindo pelo outro lado; atravessa o espaço entre uma pétala e a próxima, o lado de cima desta, e assim por diante. O espaço de tempo que leva para a agulha atravessar cada uma dessas etapas sucessivas pode ser usado como uma unidade de medida para descrever a velocidade a que mudam todos os fenômenos do nosso mundo.



Vemos também a ação da impermanência em nossos relacionamentos. Quantos de nossos familiares, amigos, pessoas de nossa cidade natal morreram? Quantos se mudaram para outros lugares, desaparecendo de nossa vida para sempre?
Quando éramos crianças pequenas, não suportávamos ficar longe de nossos pais. Às vezes, se nossa mãe saía do quarto por dois ou três minutos, ficávamos em pânico. Agora, escrevemos para nossos pais, quem sabe, uma vez por ano. Pode ser que morem do outro lado do mundo. Talvez nem saibamos se eles estão vivos. Como as coisas mudaram!

A um tempo, sentíamo-nos felizes apenas ao estar junto de uma pessoa amada. Só segurar a mão daquela pessoa nos provocava sentimentos maravilhosos. Agora, talvez não possamos aturá-la, não queiramos saber coisa alguma sobre ela. Tudo o que se forma tem que se desfazer, tudo o que se junta tem que se separar, tudo o que nasce tem que morrer. Mudanças contínuas, mudanças implacáveis, são constantes em nosso mundo.


A Impermanência
Um dos quatro pensamentos que transformam a mente.

Trechos tirados de:
Portões da Prática Budista
De:
Chagdud Tulku Rinpoche.

Nenhum comentário:

Postar um comentário